quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Hierarquização de conceitos (TPC - Q6)

Na tentativa de prever os passos que nos levarão a alcançar o objectivo, procede-se à descrição, que se pretende sistemática e ordenada, de todos os cenários para a resolução do problema. É o momento de elaboração do Guião, onde se registam todas as soluções possíveis. O Guião poderá ser encarado como um "esquiço" do Problema, que inclui definição de Objectivos, obtenção de informação sobre o Problema, levantamento de soluções possíveis.


Entendo a Metodologia como a planificação dos diversos Métodos/Processos para a resolução do Problema - não encontro, portanto, uma separação clara entre o Plano e a Metodologia. Implica uma maior racionalização do Problema e um maior nível de detalhe das soluções a avaliar.

Dependendo do tipo de Problema, podemos descer ou ao nível das Heurísticas ou ao nível dos Algoritmos.

As Heurísticas são técnicas que permitem obter soluções aproximadas. São métodos que podem ser descritos como a forma mais rápida de chegada a uma solução, que é necessariamente a mais próxima possível da solução óptima do Problema.

Um problema com uma complexidade que permita a sua resolução mediante a aplicação de uma sequência não ambígua de instruções, até à verificação de uma determinada condição (finito, portanto) é resolúvel pela implementação de um Algoritmo. O Algoritmo pressupõem um tempo de execução aceitável e ser a solução óptima ou provavelmente boa para o problema em todos os casos.



Contudo, introduzo mais um conceito, o Acaso. Citando o Nuno Crato*, "OS ALGORITMOS aleatórios têm vindo a revolucionar a maneira de fazer matemática. Surpreendentemente, utilizar o acaso pode ser o caminho mais rápido para obter a solução de um problema. E não só em matemática. ."

Deixo-vos um excerto (o artigo pode ser consultado em http://pascal.iseg.utl.pt/~ncrato/Expresso/AcasoMaisCerto.mht)


O leitor já passou certamente por esta experiência: está ao telefone e a ligação perde-se. Liga outra vez para o seu interlocutor e o telefone está interrompido - ele está também a tentar telefonar-lhe. Desliga e espera uns segundos a ver se o telefone toca, mas o telefone continua mudo - do outro lado da linha o interlocutor também aguarda. Liga de novo e o telefone está interrompido… até que as decisões deixam de coincidir e, finalmente, um dos dois consegue restabelecer a ligação. É uma situação típica de conflito de padrões racionais, e só o acaso do desfasamento de decisões consegue obter sucesso. É difícil encontrar uma solução para o problema, na medida em que só a simultaneidade de duas soluções contrárias - um aguardar e o outro telefonar - resolve o impasse. Se não há à partida algo combinado que quebre a simetria entre os parceiros não há processo óptimo de resolver o problema. Acaba por ser o acaso que permite restabelecer a ligação.

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* Nuno Crato é Professor Associado com Agregação de Matemática e Estatística no ISEG, em Lisboa. É pró-reitor para a Cultura Científica da Universidade Técnica de Lisboa. Licenciou-se em Economia no ISEG. Doutorou-se em Matemática Aplicada nos Estados Unidos e trabalhou depois nesse país muitos anos, como investigador e professor universitário. O seu trabalho de investigação incide sobre processos estocásticos e séries temporais com aplicações várias, nomeadamente climatéricas e financeiras.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Conhecimento (TPC Q5)

Primeiro as definições.

Knowledge (Oxford English Dictionary)

(i) facts, informations and skills acquired by a person through experience or education; the theoretical or pratical understanding of a subject;

(ii) what is known in a particular field or in total; facts and information;

(iii) awareness or familiarity gained by experience of a fact or situation.

Segundo Platão (http://en.wikipedia.org/wiki/Knowledge#Defining_knowledge)

For there to be knowledge at least three criteria must be fulfilled; that in order to count as knowledge, a statement must be justified, true and believed.

Segundo Dienes, Zoltan & Perner, Josef. (1999) (http://www.bbsonline.org/documents/a/00/00/04/57/bbs00000457-00/bbs.dienes.html)

Knowledge is taken to be an attitude towards a proposition that is true. The proposition itself predicates a property to some entity. Number of ways in which knowledge can be implicit or explicit emerge (…).

Perspectiva Externalista vs. Internalista

Resumidamente, a corrente externalista considera que a dimensão psicológica do individuo que adquire Conhecimento não impacta o entendimento de um facto relevante. Na perspectiva internalista, a construção de Conhecimento está intimamente ligada à psicologia de cada um.


Segundo M. Davis – Knowledge (Explicit and Implicit): Philosophical Aspects
(http://philrsss.anu.edu.au/~mdavies/papers/implicit.pdf)

The distinction between explicit and implict knowledge might seem to be connected closely to the familiar distinction (Ryle 1949) between knowledge of a proposition (‘knowing that’) and possession of a skill (‘knowing how’).

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Na base da definição de Conhecimento parece estar a condição de Verdade associada ao objecto alvo de aprendizagem, na perspectiva do correcto entendimento das relações entre dados, factos ou proposições.

Na base da posse de Conhecimento está o Homem, enquanto ser pensante. O acto de pensar possibilita por si a aquisição de mais Conhecimento, mesmo sem qualquer adição de nova informação. O computador recebe os dados, armazena-os, processa-os e devolve-nos um output. Podemos modelar as relações entre os dados, mas é o entendimento do sujeito que lhe dá significado.

Acredito nisto.

Acredito que o Conhecimento passa muito por estarmos atentos aos factos. Atentos a sério, para nos lembrarmos de factos passados. Para conseguirmos estabelecer relações. Para limpar o acessório e reter o essencial. Para detectar padrões, prever comportamentos, ganhar experiência sobre uma situação, reconsolidar o Conhecimento – e conhecer novos factos, estabelecer relações com o que já Conhecíamos previamente, detectar padrões, prever comportamentos, errar sobre essas previsões… e aí vem uma nova experiência, mais factos, novas relações são estabelecidas, novo Conhecimento é gerado e ficamos mais sábios e mais conscientes de tudo o que ainda temos para Conhecer - e assim é durante toda a nossa vida, num ciclo que se repete iterativamente.

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Retomando o meu EU Profissional – eu sei quantos clientes do sexo Feminino e do sexo Masculino possuem um determinado cartão privativo. Basta-me “perguntar” à base de dados. É um exemplo simples de Conhecimento Explicito, o Knowing That.

Mas mais relevante do que conhecer esse facto, é saber como é que o facto de o titular do cartão ser homem ou mulher determina o seu comportamento de compra. Este é um exemplo de Conhecimento Implícito, o Knowing How. E é aqui que entra a dimensão psicológica do analista de dados, pois todo o processo de análise é um processo de decisão. Começa-se por fazer perguntas factuais à base de dados – quantos homens e quantas mulheres, quanto compram, o que compram – e começamos a estabelecer relações, a tirar as primeiras conclusões, a explorar novas relações com base no Conhecimento que se vai extraindo das respostas a perguntas directas.

É sobretudo um processo mental, logo, psicológico. Garanto-vos que não há dois analistas/estaticistas que conduzam uma mesma análise da mesma forma. Essencialmente porque são duas pessoas diferentes, com conhecimentos à partida sobre o negócio diferentes, com níveis de intuição diferentes sobre o problema que têm em mãos. Sim, porque apesar de este processo parecer rígido (as técnicas existem, os algoritmos existem, o método existe), a intuição é essencial quando se analisam dados. Nós conhecemos as tabelas, as técnicas e a pergunta que precisa de ser respondida. Mais nada. E a partir daí temos de gerar conhecimento do cliente. Lançamos os primeiros dados – fazemos estatísticas descritivas – e o caminho começa a surgir imediatamente, há muita experimentação, os padrões começam a ser revelados, a convicção de que encontrámos o caminho que nos conduz à resposta começa a instalar-se. E uma boa intuição conduz a uma boa análise, ou seja, a boas tomadas de decisão. Pelo menos no meu caso pessoal, aplica-se …

Não consegui resistir!


Listagem de Problemas - II Acto (TPC - Q4)


Na construção da matriz centrei-me no Trabalho. Não deixando de ser um dos pilares da minha vida, não é de todo o seu centro. Segundo Stephen R. Covey (“The 7 habits of highly effective people”), se assim fosse, a minha personalidade estaria de imediato traçada e eu seria classificada com base nos seguintes atributos:

Na verdade, apesar de gostar muito do meu Trabalho, até considero ser muito mais centrada nos Amigos, o que na perspectiva do autor é condição para que eu seja classificada como alguém cujas acções são tão precárias como as opiniões … (Mr. Covey, pode repetir?)

Considerações à parte sobre a escolha das regras para este exercício de classificação e sobre os juízos de valor por parte do autor citado, os meus problemas estão associados a dimensões tão diversas como os já abordados Trabalho e Amigos mas também Família, Religião (sobre uma perspectiva agnóstica), o EU (quer na dimensão física quer psicológica), a dimensão Académica e a dimensão a que posso chamar Prazer Recreativo/Cultural (os concertos, as viagens, as exposições, os jantares …) *.

Conviver com todos os problemas associados a cada uma destas dimensões é, acima de tudo, o grande exercício da nossa vida.

Para responder à questão da Hierarquização, volto a centrar-me no Trabalho.

A minha primeira dedução foi: só atingindo os objectivos de curto prazo, tendencialmente Operacionais, é que as equipas conseguem dar resposta aos objectivos Estratégicos definidos pela Empresa. Assim, a primeira prioridade para mim será sistematizar todo o trabalho recorrente com o qual o negócio não sobrevive, libertando assim tempo para afectar aos objectivos Tácticos.

Esta seria a 1ª prioridade, totalmente relacionada com o meu nível de observação, enquanto parte integrante do Departamento de Estudos, que por sua vez faz parte da Direcção de Marketing.

Contudo, se considerar o nível de observação da Direcção Geral, que em conjunto com a Direcção de Marketing definiu como objectivo Estratégico aumentar o Conhecimento do Cliente, então a 1ª prioridade da equipa de Estudos seria esta.

Se me posicionar no nível do Gestor de Produto, que precisa de planear as suas acções de Marketing, o prioritário é fechar o cronograma.

Segundo os critérios de ordenação apresentados no artigo A SUMMARY OF THE PRINCIPLES OF HIERARCHY THEORY (
http://www.isss.org/hierarchy.htm), as prioridades seriam as seguintes:

1 - cumprir os prazos das tarefas operacionais recorrentes do meu Departamento (2- it offers constraint to the development of other tasks);

2- a validação do cronograma e a articulação entre Direcções para permitir o planeamento táctico da Gestão de Produto (3 - it behaves at a lower frequency than dialy tasks);

3 – o foco na Segmentação de Clientes, como apoio à definição estratégica dos objectivos da Empresa (5- containing and being made of lower levels).

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* mais uma vez a Visão (nº 759) nos brinda com um excelente artigo, “Ter 30 anos em Portugal” . Aborda na perfeição os problemas de cada uma das dimensões do Facto “Jovem em Portugal”. Acho que me vai ser útil quando chegarmos à aula em que nos vai ser pedido para nos auto-definirmos.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Listagem de Problemas - I Acto (TPC - Q4)

(como não consigo copiar para o blog uma imagem da totalidade da matriz suficientemente legível, tenho de publicar a listagem de problemas no modo que se segue)

Objectivo: Melhor conhecer o nosso Cliente, recorrendo à segmentação da carteira de clientes.

Prazo: Longo

Âmbito: Estratégico

Problema na forma afirmativa: Segmentar a carteira de clientes de acordo com indicadores de negócio bem definidos.
Problema na forma negativa: Não conseguir implementar a segmentação da carteira de clientes com base em indicadores de negócio.
Problema na forma interrogativa:
Como implementar a segmentação da carteira de clientes com base em indicadores de negócio bem definidos?
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Objectivo: Validar o cronograma das acções MKT.

Prazo: Médio

Âmbito: Táctico

Problema na forma afirmativa: Conseguir validar no cronograma das acções MKT o dia previsto de entrega de ficheiros finais, tendo em conta o possível atraso da disponibilização dos dados necessários para gerar os ficheiros.
Problema na forma negativa: Não conseguir validar no cronograma das acções MKT o dia previsto de entrega de ficheiros finais devido a atrasos na disponibilização dos dados necessários para a geração dos ficheiros.
Problema na forma interrogativa: Como validar no cronograma das acções MKT o dia previsto de entrega de ficheiros finais, tendo em conta o possível atraso da disponibilização dos dados necessários para gerar os ficheiros?
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Objectivo: Afectar responsabilidades na aplicação de regras de exclusão de clientes das campanhas MKT.

Prazo: Médio

Âmbito: Táctico

Problema na forma afirmativa: Na selecção de clientes para acções MKT, definir quais os critérios de exclusão que devem ser da responsabilidade exclusiva da Dir. A e quais devem ser da responsabilidade exclusiva do Dir. B.
Problema na forma negativa: Não conseguir atribuir responsabilidades por Dir. dos critérios de exclusão a aplicar nas selecções de clientes para acções MKT.
Problema na forma interrogativa: Quais os critérios de exclusão de clientes para campanhas que devem ser exclusivamente da responsabilidade da Dir. A e quais os que devem ser exclusivamente da Dir. B?
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Objectivo: Cumprir os prazos de execução das tarefas recorrentes do meu Dep.

Prazo: Curto

Âmbito: Táctico

Problema na forma afirmativa: Garantir a execução das tarefas recorrentes do Dep. , cumprindo os prazos, num período em que os recursos têm de estar simultaneamente afectos a outras tarefas.
Problema na forma negativa: Não conseguir executar as tarefas recorrentes do Dep. dentro dos prazos, devido à afectação de recursos noutras tarefas.
Problema na forma interrogativa: Como garantir a execução das tarefas recorrentes do Dep., cumprindo os prazos, num período em que os recursos têm de estar simultaneamente afectos a outras tarefas?

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Se me perguntarem se já reflecti sobre a minha missão na vida, é isto que acontece:


http://www.franklincovey.com/fc/library_and_resources/mission_statement_builder


Vou ter de voltar a este Mission Builder porque obtive uma mensagem de erro e não consegui carregar informação. De qualquer forma reforço a sugestão de visita a este site, muito interessante quer ao nível corporativo quer ao nível do desenvolvimento pessoal. A explorar com a devida atenção ...


quinta-feira, 20 de setembro de 2007

E porque as definições existem ...

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Problema

A exploração do que é um Problema conduziu-nos às seguintes definições:

Definição 0 (baseada em sinónimos): Questão que necessita de
solução; Dificuldade; Evento com uma dimensão temporal que implica uma decisão.
Definição 1: Conjunto de condicionantes que não nos permitem alcançar um
objectivo.
Definição 2: “When I feel the gap between the desired state of affairs and the real state of affairs” (Simon, Herber).
Definição 3: Implica um input e a chegada a um output, através de um algoritmo.
Definição 4: The difference between “As Is” and “As ought to be”.


Definição by Wikipedia (
http://en.wikipedia.org/wiki/Problems) (1) : A problem is an obstacle which makes it difficult to achieve a desired goal, objective or purpose. It refers to a situation, condition, or issue that is yet unresolved. In a broad sense, a problem exists when an individual becomes aware of a significant difference between what actually is and what is desired. Every problem asks for an answer or solution.

Podemos ainda considerar que um Problema tem 3 âncoras:
- A Racionalização do Esperado;
- A Racionalização do Desejado;
- A Racionalização da sequência de passos entre o Esperado e o Desejado.

Estas 3 âncoras inter-dependentes são influenciadas por factores como a incerteza, riscos, probabilidades, regras, princípios e limites.
A Racionalização pressupõe a tomada de Consciência de que existe uma questão que precisa de uma
solução.

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Decisão

A Decisão pode ser encarada como um sub-problema na procura da melhor forma do “fill in the gap” associado ao Problema. Tem implícita a noção de opção/escolha e pode ser traduzida num conjunto de regras que traduzem um caminho possível (idealmente, o melhor dos caminhos) desde o Input/Realidade/”As Is”/ “Real State od Affairs” até ao Output/Realidade/”As Ought to Be”/”Desired State of Affairs.

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Solução

Uma das definições possíveis pode ser:
Definição 1: o caminho/sequência de passos que permitem alcançar o
Objectivo.

Sendo esta noção de Caminho um conceito demasiado abrangente, podemos considerar que na solução Óptima podemos conceber (conceitos a definir e relacionar):
- Estratégias;
- Tácticas;
- Hipóteses;
- Métodos;
- Procedimentos;
- Heurísticas;
- Algoritmos.

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Objectivo

O objectivo, e sobretudo a clara definição de um objectivo, parece ser condição para a correcta definição de um
Problema.

Podemos considerar como definições de Objectivo:
- Meta;
- Algo que queremos alcançar

Impõe-se como reflexão a existência de uma bijecção entre Problema e Objectivo, ou seja, a um Problema corresponde um Objectivo e a um Objectivo corresponde sempre um Problema?


(o post anterior pretendia ser uma abordagem a esta questão ... nada ficou demonstrado, obviamente. Para isso teríamos de fazer demonstrações sobre uma listagem exaustiva de objectivos, bem defini-los e chegar a uma conclusão devidamente validada.)

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Palomar tinha um objectivo:

(agora em português … )

fazer a leitura de uma onda. Uma onda única e basta: querendo evitar sensações vagas, estabelece um objectivo limitado e bem definido.

Hmmm, um objectivo desassociado de um problema … isto assumindo que na sua definição (ou numa das suas definições possíveis), um problema pressupõe dificuldade no alcançar de um objectivo. Palomar está numa praia, a olhar para o mar. Não se pode dizer que haja evidências de que venha a ser difícil alcançar o objectivo.

Segundo essa mesma definição(1), um problema remete a uma situação, condição ou assunto ainda por resolver. Bom, existe um assunto por resolver mas continua a parecer simples - a leitura de uma onda faz-se observando-a e Palomar observou-a.

Palomar vê despontar uma onda lá ao longe, vê-a crescer, aproximar-se, mudar de forma e de cor, enrolar-se sobre si própria, quebrar-se, desvanecer, refluir. Chegando a esse ponto, poderia convencer-se de ter levado a cabo a operação que tinha decidido efectuar e poderia ir-se embora.

Pode-se considerar que o objectivo foi atingido, sem implicar uma relação directa a um problema de base? Palomar havia sido extremamente preciso na definição do seu objectivo – fazer a leitura de 1 onda.

Mas isolar uma onda (…) é muito difícil. Em resumo, não se pode observar uma onda sem ter em conta os aspectos complexos que concorrem para a sua formação e aqueles outros, igualmente complexos, a que essa mesma onda dá lugar.

Palomar tem agora um problema. O seu bem-estar pessoal foi abalado (Palomar é um homem nervoso …) e ele terá agora de encontrar o caminho para chegar ao seu objectivo.

Após tomar consciência de que a leitura de uma onda representa um problema, necessariamente complexo por complexo ser o problema de formação de uma onda, Palomar irá ter de aplicar a sua regra de construção, validação e correcção de modelos* para conseguir (ou não) chegar ao seu objectivo.

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* posso adiantar-vos que ele desiste, devido à sua impaciência. A praia acaba por lhe trazer outros problemas, na minha opinião bem mais difíceis de resolver, por envolverem relações sociais cujas convenções existem mas com limites muito mais cinzentos …

Outra nota: o facto de estar tão preocupada com os problemas do Palomar não significa de todo que eu não tenha os meus próprios problemas bem definidos. Quero com isto dizer que sim, já fiz o TPC.

Isto é sobre resolução de problemas ou nem por isso, hein?*

* Ou bem- vindos ao meu blog dedicado à reflexão sobre problemas de Decisão e respectivos Sistemas de Informação

In Mr. Palomar’s life there was a period when his rule was this: first, to construct in his mind a model, the most perfect, logical, geometrical model possible; second, to see if the model is adapted to the practical situations observed in experience; third, to make the corrections necessary for model and reality to coincide.

(ITALO CALVINO, Mr. Palomar)

Fourth: I wonder if Mr. Palomar has already developed a model with enough strength to solve all the problems in his life, with no error component. At least it seems he has found a method …

(SOFIA MARQUES, a estaticista)

To be continued …