No seu livro Decision Support Systems in 21st Century, Marakas entrelaça as raízes dos DSS com o esforço dos gestores em aplicar modelos quantitativos aos problemas de decisão recorrentes nos ambientes organizacionais. Para o autor, o conceito surge no início dos anos 70 e dois artigos são destacados como referências para o desenvolvimento do conceito e para a formalização da terminologia Decision Support Systems.
O primeiro artigo, datado de 1970 e escrito J.D. Little (1970), intitulava-se “Models and managers: The concept of a decision calculus” e focava a não utilização dos modelos de gestão vigentes na época pelos decisores. Ainda sem invocar especificamente o termo DSS, o autor descrevia o decision calculus da seguinte forma: “a “model-based set of procedures for processing data and judgments to assist a manager in his decision making”. O título do artigo e a própria definição explicitam o enfoque dado pelo autor à componente de modelização. Como condição para o modelo ser usado por um gestor, ele deveria ser simples, robusto, fácil de controlar, adaptativo, o mais completo possível e de fácil interacção. O próprio Marakas recupera algumas destas características na sua definição de DSS, nomeadamente o estar sob o controlo do utilizador do sistema, a interactividade e o ser user-friendly (a ergonomia do sistema), ter um desenvolvimento evolutivo e iterativo (citando Little, “adaptative means that the model can be adjusted as new information is acquired”).
Começa a delinear-se o que se entende por model-driven DSS. Segundo Powers (2003), estes enfatizam o acesso e a manipulação de modelos financeiros, de optimização e/ou simulação. Modelos quantitativos simples, sem a necessidade de serem alimentados por grandes bases de dados, orientariam o decisor no processo de tomada de decisão. Segundo o mesmo autor, é no final dos anos 70 que surge a primeira ferramenta comercial para a construção de model-driven DSS, tendo por base modelos financeiros e quantitativos – chamava-se IFPS e foi desenvolvida na Universidade do Texas por Gerald. R. Wagner em conjunto com os seus alunos.
O segundo artigo referido por Marakas, escrito por Gorry and Scott Morton (1989) – “A framework for management information systems”, apresenta pela primeira vez o termo Decision Support System .Os autores apresentam um framework assente em dois eixos para fornececer suporte computarizado a actividades de gestão.
O eixo vertical resulta da classificação de estuturação da decisão proposta por Simon. Simon sugeriu que as decisões podem ser categorizadas de acordo com o facto de serem programáveis (repetitivas, rotineiras, de senso comum) ou não programáveis (novas e únicas no seu contexto, com consequências incertas).
O eixo horizontal representa os níveis das actividades de gestão propostas por Anthony (1965). Este autor considera que as actividades de gestão podem ser categorizadas em 3 classes – o planeamento estratégico, o controlo de gestão, controlo operacional. Através da combinação das abordagens dos 2 autores, o framework proposto por Gorry e Morton servia como guia para a afectação de recursos de SI onde houvesse o maior Return On Investment.
Ainda nos anos 70, começam a surgir os primeiros data-driven DSS que, segundo Powers, enfatizam o acesso e a manipulação de séries temporais, privilegiando os dados internos das organizações. Trata-se portanto do aproveitamento dos dados históricos na posse das organizações como matéria-prima de suporte ao processo de tomada de decisão. Através de ferramentas de query conseguem-se obter respostas a perguntas de negócio “escondidas” nos dados.
Segundo o autor, é neste contexto que se enquadram os EIS (Executive Information Systems) e os ESS (Executive Support Systems), que podem ser entendidos como um sistema de informação de gestão que apoiam a tomada de decisão e que integram dados internos e externos à organização. Estes sistemas evoluíram dos model-driven DSS e da utilização de bases de dados relacionais, focando-se no display gráfico da informação, apelativo para o gestor e na usability dos interfaces. Estamos nos anos 80.
Nos anos 90, o data warehousing e o OLAP (On-Line Analytical Processing) alargam o que já se havia alcançado com os EIS e estendem o âmbito dos data-driven DSS, por permitirem lidar com quantidades de dados na ordem das dezenas de terabytes. Inmon e Kimball estiveram na linha da frente destas evoluções, como “the father of the data warehouse” e “the doctor of the DSS”, respectivamente.
Voltando a Marakas e à discussão entre dados e modelos, o autor considera que ambos definem um DSS. O autor considera que a evolução dos DSS desde a sua concepção em 1970 até aos dias de hoje sofreu já inúmeras extensões da noção original. A visão evolutiva dos DSS inclui um foco em knowledge-based systems, inteligência artificial, expert systems, group support systems, data visualization systems and organizational decision support systems. Uma resenha histórica sem citar estes sistemas não estaria nunca completa.
Powers aborda o futuro dos DSS do ponto de vista da evolução tecnológica, enquanto Marakas realça sobretudo a evolução da mentalidade das organizações e do gestor, ao afirmar que “managers will rely on the availability of more powerfull and usefull DSS applications in the conduct of their daily activities”. Podemos ter os olhos postos no futuro mas convém ir dando uma piscadela ao passado. É que em 1947 Simon publicava o seu livro Administrative Behavior, que é até hoje uma referência na forma como mostra que as organizações podem ser entendidas em termos do processo de decisão. Fala-se de tecnologia, mas fala-se sobretudo de pessoas. Os editores da Times deviam ter lido o livro em 1982 ...
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
História dos DSS
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1 comentário:
Sofia, faço das tuas as minhas palavras – o teu blog está simplesmente fantástico! Tem todos os ingredientes que me fazem colar ao monitor e adiar os tpc’s (já encontrei o meu ‘blog expiatório’!). E também tens a genialidade do Dilbert!!:D
Seja pelas intervenções nas aulas, ou os posts que escreves, vejo que tens aquele toque ‘sparkly’! Continua sff, que tens um adepto à espera da tua próxima crónica!
PC
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