("Como sabiam que gosto de bandoletes?" - ai que isto é plágio ...)
Os testes de Inteligência são mais uma ferramenta de Classificação das que o Homem insiste em desenvolver e melhorar desde o inicio dos Tempos, com o objectivo de dar resposta a questões tão profundas, como "Quem sou eu?".
Os autores do Tickle.com disponibilizam-nos uma descrição detalhada dos resultados obtidos no teste de QI (The Classic IQ Test, para ser mais precisa), nomeadamente a pontuação em cada um dos vários tipos de Inteligência (de acordo com a sample do site, é possível pelo menos avaliarmos a Inteligência Matemática e a Visual-Espacial ) e a comparação dos nossos resultados com os de outras pessoas. Já acho positivo conseguirem desagregar os nossos resultados pelos diversos tipos de Inteligência (tenho alguma curiosidade, confesso ...) mas mais incrivel ainda conseguirem estabelecer relações entre os nossos resultados e os dos outros. Como custa $13 temos pena, mas não vai ser desta que vou ficar a saber como é que os srs. do tickle.com classificam a minha pessoa.
No que respeita à objectividade/subjectividade destes e outros testes, considero que todos eles são muito objectivos naquilo a que se propõem.
Por exemplo, Binet e Simon desenvolveram uma das primeiras escalas de inteligência - Escala de Binet-Simon - usada para identificar estudantes que pudessem precisar de ajuda extra na sua aprendizagem escolar.
Quantos de nós não realizámos já testes de orientação escolar, que nos dá o perfil académico que temos à data e as orientações profissionais que se adequam ao perfil revelado?
E a nossa média do secundário, que resulta da média das avaliações que tivemos em todas as disciplinas durante 3 anos e das notas de uma bateria de exames que são feitos em 15 dias? É ela que determina a nossa entrada em determinado curso, é o indicador de perfil mais completo que o nosso sistema de acesso ao ensino superior tem para nos possibilitar ou recusar o acesso a determinada licenciatura.
Não se tratando exactamente de um teste de Inteligência, todos nós sabemos o signo do zodíaco a que pertencemos e que características têm os nativos de cada um (talvez o modelo de classificação universalmente mais conhecido).
Estes sistemas de classificação são objectivos? São, resultam de um conjunto de regras bem definidas que transformam os nossos inputs (sejam respostas ao testes do Tickle ou as notas que obtivemos do 10º ao 12º ano) em outputs adequados ao contexto em que se inserem (Filósofo Visionário ou colocado em Estatística e Gestão de Informação). A minha data de nascimento classifica-me como Peixes.
Concordamos com os resultados? Ah, é aqui que entra a noção de subjectividade. Um aluno com média de 19 e com uma inteligência Interpessoal (uma das 7 inteligências de Gardner) concorre a Medicina e entra. Um outro com média de 17 e com qualidades interpessoais fantásticas não entra. Acho que todos concordamos que os testes conduzidos para aferir a inteligência de cada um foram objectivos, mas terão sido completos ou multi-inteligências? Não.
Não, porque o Homem carrega em si subjectividade, algo que só se passa em si e que não é válido para todos. Algo que não é mensurável através de testes. Ou pelo menos através de um teste único. "Ah, o Manel entrou em Medicina só porque é um marrão. O João daria um médico muito melhor, mas ninguém tem isso em conta. Essa história das médias finais é muito subjectiva". O cálculo das média de entrada é 100% objectivo, a subjectividade está nas dimensões ocultas de cada um de nós, que faz com que seja extremamente dificil desenvolver um teste que acerte sem erro no nosso perfil.
Considero que testes como os disponíveis no tickle.com devem ser encarados como uma bengala no nosso processo de auto-conhecimento. Os resultados são concerteza os melhores possíveis no âmbito de cada teste em particular (isto assumindo que existe o minimo de seriedade e rigor nos ditos testes), mas quem se sujeita ao teste deve ter a capacidade de se distanciar dos resultados obtidos. Até porque nós somos priveligiados, pois sabemos que para os cálculos de perfis são baseados em observação de amostras para poder extrair regras, que a correcta definição das regras deve ter em conta x relações entre y variáveis e que por mais aperfeiçado que a heuristica ou o algoritmo tenham sido, existe sempre uma componente de erro. Conhecem algum modelo que tenha capacidade explicativa de 100%?
Mas como todos precisamos de ter a imagem que temos de nós própria validada por terceiros (bem, nem todos ...), façamos os testes que nos aparecerem pela frente. Se ficarmos satisfeitos com os resultados, seja porque fica bem num blog ou porque reforça a nossa suspeita de que afinal seríamos um péssimo Arquitecto no futuro, porque não referi-lo e sugerir a sua realização a amigos ou colegas?
Sem comentários:
Enviar um comentário